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05-02-2014

Vigilância Epidemiológica alerta para a transmissão de sífilis na gravidez, por transfusão ou outros contatos com sangue

  • gravida

    A Sífilis é uma doença sexualmente transmissível (DST), causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode também ser transmitida da mãe para o feto, por transfusão de sangue ou por contato direto com sangue contaminado. É o que os especialistas chamam de transmissão vertical. Se não for tratada precocemente, pode comprometer vários órgãos como olhos, pele, ossos, coração, cérebro e sistema nervoso, podendo levar a morte.

     

    Em Santa Catarina, são notificados, em média, 500 casos novos por ano. Uma grande preocupação é a transmissão vertical da doença, conhecida como sífilis congênita. Para caracterizar essa doença em Santa Catarina, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE) da Secretaria de Estado da Saúde (SES) analisou 350 casos notificados no período de 2007 a 2012. Esse estudo mostrou que 82% das mães tiveram acesso à assistência pré-natal e, ainda assim, não conseguiram evitar que seus filhos fossem contaminados.

     

    A transmissão da sífilis da mãe para o feto ocorre quando a gestante infectada não é tratada ou é tratada inadequadamente. O médico infectologista e assessor técnico da DIVE, Eduardo Campos de Oliveira, explica que a melhor forma de prevenir a transmissão vertical é com a realização de exames durante o pré-natal, o tratamento imediato da mãe e a abordagem ao parceiro. Apesar da existência do protocolo de assistência pré-natal, o seu cumprimento ainda não é efetivo. “O acompanhamento inadequado da gestação durante o pré-natal é o principal nó e acaba colocando em risco a vida do bebê”, alerta o infectologista.

     

    Para saber se é portadora da doença, a gestante deve realizar pelo menos dois exames específicos durante o pré-natal. Oliveira explica que essa triagem é importante porque em alguns momentos a doença pode ser silenciosa e a mãe não estar ciente de sua infecção.

     

    Outro dado importante identificado pelo estudo é que apenas 14,8% dos parceiros receberam tratamento ao mesmo tempo que a gestante infectada. O número de tratamentos maternos inadequados ou não realizados reforça a necessidade urgente de reestruturação do atendimento. Ainda de acordo com o estudo, o Estado notificou apenas 18% do que era esperado para o período, uma subnotificação que mascara a realidade da doença, dificultando a construção de estratégias para sua eliminação.

     

    A gerente de Vigilância das DST/HIV/AIDS/HV, Elma Fior da Cruz, ressalta que a Sífilis é uma doença milenar que pode ser curada e lamenta que, por negligência durante a gestação, continue atingindo milhares de crianças anualmente no Brasil. “O controle da infecção se dá por medidas simples, de baixo custo e de grande impacto no controle da doença”, explica Elma, referindo-se ao rastreamento sorológico no pré-natal e ao tratamento adequado.

     

    Muitos casos de sífilis são diagnosticados somente na hora do parto e a infecção congênita já está selada. Mesmo sendo um momento tardio, permitirá o tratamento da criança, da mãe e do seu parceiro, reduzindo o risco de sequelas. O diagnóstico e o tratamento da sífilis estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) de forma gratuita. Oliveira também explica que é importante que toda pessoa sexualmente ativa tenha conhecimento de sua situação em relação às DSTs, entre elas a sífilis. Para isso, basta manifestar ao seu médico o desejo de realizar os exames.

     

    Problemas que podem afetar crianças com sífilis congênita

    Entre os principais problemas causados pela sífilis na gravidez está o aborto. Muitas vezes ele é notificado apenas como espontâneo e a gestante não toma conhecimento de que é portadora da doença. Por isso, recomenda-se que quando ocorrer aborto o caso seja investigado para eliminar a possibilidade de infecção. O teste de sífilis para as gestantes, chamado VDRL, é fundamental ainda na maternidade e é uma exigência regida por portaria do Ministério da Saúde sendo realizado em todo o país.

     

    Quando a criança sobrevive à infecção intrauterina, sem tratamento, ela será portadora da sífilis congênita que se manifestará imediatamente ao nascimento ou ao longo do tempo, podendo causar surdez, cegueira e atraso no desenvolvimento e no aprendizado.

     

    Foto: Google Imagens | Disponível em: wp.clicrbs.com.br

    Fonte: Assessoria de Comunicação do Governo de Santa Catarina