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23-05-2013

Câmara Municipal comemora Dia Internacional da Mulher

  • Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado em 08 de março, a Câmara Municipal de Vereadores realizou uma Sessão Solene, nesta sexta-feira (08). A data celebra as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres, com intenção de valorizar a luta feminina por melhores condições de vida, trabalho e direito ao voto. A homenagem honrou mulheres que contribuíram para o crescimento de Blumenau. O presidente da Câmara de Vereadores, Vanderlei Paulo de Oliveira (PT) parabenizou e enfatizou a importância de todas as mulheres blumenauenses. Em seguida a doutora em Psicologia Sociale professora da Universidade Regional de Blumenau, Dra.Catarina de Fátima Gewehr, realizou uma palestra com o tema: – Luta Histórica das Mulheres: avanços e bandeiras de lutas -. “Imagine que força existe para que alguém designe como sexo frágil alguém capaz de no seu corpo trazer a vida. Não há fraqueza nisso. Há uma força tão grande que a cultura precisou, necessariamente, desenvolver um mecanismo de controle tão intenso de modo que esta fortaleza não aparecesse como fortaleza. E o pior, ao longo dos anos da história as mulheres foram se convencendo de que eram frágeis. É claro, nosso corpo, diante de uma composição muscular de um corpo masculino é um corpo relativamente mais frágil, mas temos uma condição de inclusive, enfrentar, em algum momento, esta fragilidade física, e foi o que as mulheres fizeram ao longo da história”, declarou. Ela trouxe a história do dia 08 de março. “Várias pessoas que estão aqui já devem ter ouvido, ‘quando vão criar o dia do homem’, é uma pena, porque não estão entendendo nada do que foi a história e porque este dia nasceu. Isso nasce do movimento de mulheres, no final do século XIX, em quando a sociedade ocidental se industrializou como nunca antes vista na humanidade e a condição de trabalho das mulheres, na indústria têxtil dos Estados Unidos, na Inglaterra, na Alemanha, eram as piores possíveis. Os que têm um pouco mais de noção da história remetem o dia 08 de março ao incêndio de uma fábrica em Nova York, em 1857, quando as operárias estavam fazendo greve. Existe uma verdade relativa nisso. Esse grande incêndio não foi em 1857, foi em 1915, portanto depois da criação do 08 de março como Dia Internacional da Mulher, mas o que há na história que é importante que se diga é que todas as condições de trabalho das mulheres, nas industrias têxteis na passagem do século XIX para o século XX eram as piores possíveis, e infelizmente não foi só em 1915 que incendiou uma fábrica. Em 1912, 1908, 1903, 1894 e assim sucessivamente, porque as mulheres e os homens eram colocados numa rotina de trabalho de cerca de 16 horas diárias e existem relatos de inúmeros acidentes de trabalho, de inúmeros incêndios, porque estas operárias começaram a se revoltar”, relatou. Ela citou ainda que, pela palavra e pela posição de luta da alemã, Clara Zetkin, em 1910, na cidade de Kopenhagen, foi realizada uma reunião internacional de mulheres, convocada pelo movimento internacional de mulheres. Ao representar o partido comunista alemão, Clara Zetkin, se põe na condição de interlocutora destes anseios femininos com relação aos seus direitos político e sociais. “A origem do 08 de março, não é um dia para marcar a disputa entre homens e mulheres, é um dia para que as mulheres se lembrem do quanto elas são fortes e do quanto todas as mudanças que elas querem ver realizadas na história não vão acontecer se elas não se dispuserem a realizar estas mudanças”, falou. Dra.Catarina ainda cita uma frase de Clara Zetkin que diz: “não basta a igualdade jurídica e política para alçar a mulher a condição de dignidade, enquanto não se criarem condições suficientes de distribuição de uma riqueza que é coletivamente produzida e deveria ser coletivamente utilizada, as mulheres permanecerão em condição de opressão”. Ela destacou também que os anos em que mais se produziu registros de processos de violência contra a mulher na cidade foi em 2009 e 2012. “Os anos se explicam facilmente, a grande tragédia de 2008 e a grande enchente de 2011. A cada ciclo social de despedaçamento das condições objetivas da existência você aumenta o ciclo e a margem de insegurança nas relações entre as pessoas. Nesta Casa Legislativa é preciso dizer da importância da vigilância propositiva dos senhores vereadores com relação a políticas públicas de garantias de direitos das mulheres, das crianças, da seguridade pública, pois cada um destes números são famílias inteiras despedaçadas e o único jeito de cessar com isso dentro da esfera pública da vida do Estado é que as políticas públicas possam de fato ser efetivas: na saúde, no cuidado com as crianças, no acesso aos serviços de educação e formação profissional continuada. E aqui está a responsabilidade do legislador, de fazer valer a aposta democrática da sociedade brasileira em termos de como é que vamos fazer isso com o que nos comprometemos, de maneira responsável ou de maneira retocável. Eu penso que algumas coisas não podem ser retocadas”. Convidadas especiais, representantes de diversos segmentos, utilizaram a tribuna: A presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores de Blumenau (Sintraseb), Sueli Silva Adriano, destacou ser mais importante pensar no futuro das mulheres do que lembrar a história. “Hoje, 81 anos após a conquista do voto da mulher brasileira, apenas 8% do parlamento do país é feminino. Em Blumenau, não conseguimos eleger uma única mulher para nos representar na Câmara”, lamentou. Sueli afirmou ainda que o Sintraseb possui compromissos firmados. “O caminho é árduo, mas a mulher brasileira vem buscando, passo a passo, seu lugar. Mulheres, vamos à luta!”, enfatizou. Em nome da Associação das Empregadas Domésticas e Diaristas de Blumenau, Justina Ogliari, fez algumas reivindicações. “Queremos mais direitos e políticas publicas”, destacou. Ela contou como nasceu a entidade que luta por benefícios para classe. “Somos uma classe trabalhadora que não é reconhecida e são cinco anos de batalha”, citou. O combate ao câncer também esteve em pauta sessão desta sexta-feira (08). A presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Blumenau, Aglaê Nazário de Oliveira, discursou na tribuna. “Uma a cada dez mulheres tem câncer de mama, isso é um número muito alto. Peço aos maridos cujas esposas não querem fazer o exame preventivo, que insistam muito para que faça”, destacou. Jaqueline de Oliveira se pronunciou na tribuna representando a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) da Universidade Regional de Blumenau. Ela explicou que a incubadora é um programa de extensão da faculdade que existe há 12 anos, nasceu de um movimento popular, e trabalha com grupos de desigualdade social. Jaqueline apontou existir ainda uma opressão que desvaloriza as mulheres e parabenizou a todas por continuarem lutando. “Esta é uma data importante para refletir a qualidade de vida das mulheres e repensar as políticas”, observou. O Sindicato dos Agricultores Rurais foi representado por Cátia Hackbarth, que iniciou o discurso com uma frase de Carl Marx: “a liberdade da mulher é a condição fundamental para a libertação da humanidade”. Cátia afirmou que mulheres, em geral, fazem a mesma função que os homens, mas ganham menos. “No mundo rural, infelizmente, isso não é diferente. As mulheres representam 41% da população econômica do país e apesar de terem mais formação acadêmica, ganham menos”, assinalou. A coordenadora geral da União Blumenauense das Associações de Moradores – Uniblam, Ivone Gnewuch, valorizou as mulheres que estiveram à frente de movimentos populares. “Os movimentos de mulheres constituem a novidade, e a presença de mulheres nos espaços políticos contribuíram para democracia do Brasil”, avaliou. Ela ressaltou que a conquista de novos espaços pelo gênero feminino avança cada vez mais, um dos exemplos é a eleição da presidente, Dilma Rousseff. A representante das trabalhadoras da coleta seletiva, Lúcia Maria Nascimento, destacou o preconceito que há contra a classe. “Já fui chamada de mulher da vida, de drogada e até de ladra”, lamentou. Lúcia está na profissão há 12 anos. “Em março de 2001 fui a Brasília lutar por meus direitos. Comecei catando lixo na rua, agora ficamos no galpão do Samae”, destacou. A representante das trabalhadoras de coleta seletiva contou que, dentro do galpão, as condições de trabalho são muito melhores. “Hoje é um dia de luto, luta e festa”, afirmou Marlene Satiro, diretora do Sindicato dos Empregados das Empresas Permissionárias do Transporte Coletivo Urbano de Blumenau –SINDETRANSCOL. E explicou: “luto, pelas mortes ocorridas no dia 08 de março de 1857; luta, que continua por parte das mulheres e festa, porque há bastante conquistas a comemorar”. Ela relatou que as mulheres começaram a integrar o segmento do transporte coletivo a partir do ano de 2004. “E neste tempo avançamos bastante. Há muito companheirismo”, citou. Além disso, duas personalidades femininas foram agraciadas com moções honrosas: O vereador Jens Juergen Mantau (PSDB) homenageou a professora aposentada Roserita Franz, que trabalhou por 25 anos na Escola Pedro I. “O mundo está nas mãos daquelas que tem coragem de sonhar e ir atrás de seus sonhos. Roserita é uma mulher que conquistou se lugar de respeito”, destacou. O parlamentar contou que escolheu a professora porque muitos ex-alunos a indicaram pelo empenho e zelo à educação. Muito emocionada, Roserita Franz agradeceu e afirmou sentir-se importante por discursar na Câmara de Vereadores. “Amei a profissão com alma e coração. Quero agradecer à escola Pedro I, meus alunos e minha família, pois eles me proporcionaram esta oportunidade”, disse. Ainda o vereador Vanderlei Paulo de Oliveira (PT) entregou moção honrosa para escritora Maria de Lourdes Scottini Heiden. O parlamentar contou que ela foi eleita presidente da Sociedade dos Escritores de Blumenau (SEB). E também está lançando, na Câmara Municipal, na tarde desta sexta-feira (08), seu 14º livro “Paradigma”. Maria de Lourdes agradeceu e contou a história da SEB. “É um trabalho bonito que tenta divulgar a literatura num mundo em que a poesia está esquecida nas gavetas”, disse. Também e falou sobre sua obra. “É um livro para ler, refletir e quem sabe despertar outros poemas”, salientou.