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07-03-2014

Câmara de Vereadores homenageia mulheres e recorda trajetória feminina na política

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    No Dia Internacional da Mulher, a Câmara de Vereadores de Blumenau também lembra o significado da data e, especialmente, da importância da mulher nos espaços políticos e de decisão. Na próxima quarta-feira (12), às 15h, será realizada uma sessão solene em comemoração à data, com a participação de cinco mulheres representantes de diferentes segmentos. 
     
    As convidadas são a coordenadora da União Blumenauense de Associações de Moradores (Uniblam), Ivone Gnewuch; a presidente da Associação Blumenauense de Deficientes Físicos (Abludef), Maria Helena Maba; a presidente da Associação de Empregados Domésticos e Diaristas de Blumenau e Região, Justina Inês Ogliari; a juíza conciliadora, Maria Cecília de Souza; e a servidora pública aposentada Vera Lúcia Castellain
     
    O presidente da Câmara, Vanderlei de Oliveira (PT), destaca que cada vez mais as mulheres estão alçando posições de comando na sociedade, mostrando que são preparadas e capazes em tudo aquilo que fazem. Assinalou que nos últimos três anos, dos 4,5 milhões de empregos gerados no País, mais da metade foram ocupados por mulheres. “A própria presidenta Dilma Rousseff disse, no início desta semana, que para o Brasil tornar-se uma nação mais desenvolvida precisará valorizar cada vez mais a força e o talento da mulher”, salienta. 
     
    O parlamentar assinala que, por ser comandado por uma mulher, o Governo Federal dá mostras frequentemente de valorização das brasileiras, implantando uma política de proteção e cuidados para com a população feminina. “Um exemplo desta preocupação está em mais uma ação do Ministério da Saúde, que a partir do dia 10 de março passará a realizar a vacinação gratuita, através do SUS, contra o vírus do papiloma humano (HPV), imunizando meninas entre 11 e 13 anos e, assim, protegendo a saúde das futuras gerações contra o câncer de colo de útero”, concluiu. 
     
    Reflexão
     
    Embora tenha se transformado em mais uma data de apelo comercial favorecendo o mercado de consumo, o “Dia da Mulher” leva à reflexão sobre equidade dos direitos dos gêneros. A origem da data refere-se à histórica greve protagonizada por 129 tecelãs de uma fábrica na cidade de Nova Iorque (Estados Unidos da América), no ano de 1857. 
     
    Elas paralisaram os serviços exigindo melhores condições de trabalho. Lutavam por uma jornada de 10 horas. A polícia reprimiu violentamente as operárias, que refugiaram-se no interior da fábrica. Os donos da empresa, com a ajuda dos policiais, atearam fogo na fábrica e todas morreram carbonizadas.  
     
    Em 1977, para lembrar a luta daquelas operárias e as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres, a Organização das Nações Unidas (ONU) elegeu 8 de março como o “Dia Internacional da Mulher”.
     
    Não se pode negar que as mulheres, nas últimas décadas, avançaram muito na caminhada em direção à igualdade de direitos entre os sexos, abrindo fronteiras e conquistando espaços antes restritos ao universo masculino.  Mas não se pode negar também que ainda há muito a avançar.  
     
    Na política, as amarras ainda permanecem e as barreiras da discriminação e da desconfiança na competência feminina não foram totalmente rompidas. O Brasil elegeu, pela primeira vez, uma mulher para a presidência da República, em 2010. Dilma Rousseff (PT) foi eleita 78 anos após as brasileiras terem direito ao voto e, em seu primeiro pronunciamento como presidenta do Brasil, mandou um recado a todas as brasileiras. “Sim, nós podemos”, disse ela para destacar a força e o potencial das mulheres em qualquer espaço que desejarem ocupar. 
     
    A primeira mulher a ocupar uma cadeira na Câmara Federal tomou posse em 1934. Carlota Pereira de Queirós participou dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte. Na retomada do processo de democratização do País, após a implantação do Estado Novo (1934-1937) pelo ex-presidente Getúlio Vargas, nenhuma mulher foi eleita para a Câmara dos Deputados e, até 1982, as deputadas federais podiam ser facilmente contadas. 
     
    Houve um incremento no número de representantes femininas na Nova República. Em 1986 foram eleitas 26 deputadas federais; em 1994 foram 32; em 2002, 42. Em 2006 se elegeram 45 deputadas, número que se repetiu em 2010 e que representa menos de 9% dos 513 integrantes da Câmara Federal.  Atualmente, no Senado, também é pequena a representação feminina, com 12 senadoras. 
     
    Santa Catarina conta com duas representantes na Câmara Federal: Luci Choinacki (PT) e Carmen Zanotto (PPS). A única catarinense eleita senadora, até hoje, foi a ministra de Relações Institucionais Ideli Salvatti (PT), na legislatura 2003-2010. 
     
    Na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, o quadro não é diferente. Em 180 anos de história passaram por ali apenas 12 mulheres. Vale destacar que a primeira mulher a ocupar uma cadeira no parlamento estadual foi uma professora negra da Serra Catarinense, Antonieta de Barros, que atuou de 1935 a 1938. 
     
     Atualmente são quatro as deputadas estaduais em meio a 36 parlamentares homens. Entre elas, Ana Paula de Souza Lima (PT), a primeira mulher eleita deputada estadual pela região de Blumenau, que está em seu terceiro mandato. Ana Paula foi também a primeira mulher a assumir a presidência da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, entre 2007 e 2008.  
     
    Participação 
     
    Segundo Ana Paula, a participação da mulher na política precisa ser ampliada cada vez mais para que ela tenha realmente a representação nos espaços de poder e decisão. “Temos ainda muito trabalho a fazer para mudar a realidade, principalmente em Santa Catarina, que é o estado com um dos piores índices de representação política”, destacou, esclarecendo que a sub-representação prejudica a implantação de uma legislação voltada para as questões que afetam o cotidiano das mulheres. Citou como exemplos a diferença salarial entre homens e mulheres, o número insuficiente de centros de educação infantil e a violência contra a mulher que ainda persiste.
     
    Ana Paula destaca algumas conquistas das mulheres nos últimos anos, entre elas o fato de que a mulher é a maioria titular dos programas “Minha Casa Minha Vida” e “Bolsa Família”. “O que demonstra que somos boas gestoras”, avalia.  Ela considera ainda que outro avanço inegável é a eleição da presidente Dilma Rousseff, porque estabelece novos paradigmas e pode influenciar positivamente na ampliação da participação da representação feminina na política e nas mudanças necessárias que a mulher deseja para ser mais valorizada. 
     
    Também nas esferas municipais do Executivo e Legislativo a representatividade feminina é baixa. São poucas prefeitas e as Câmaras ainda são quase que exclusivamente compostas por homens na maioria dos municípios brasileiros. 
     
    Em Blumenau, nenhuma mulher chegou à Câmara como titular na atual legislatura (2013-2016). Apenas uma representante feminina ficou próxima de conseguir ocupar uma das 15 cadeiras do Legislativo blumenauense. Foi a petista Evelin Huscher, que no ano passado assumiu a vaga durante um mês. “Infelizmente ainda é pequeno o número de mulheres que se engajam na política e, não sei se por preconceito ou por poucas opções, o voto feminino em Blumenau ainda é mais direcionado para os homens”, observou. Ela defende o voto na mulher, não apenas pelo gênero, mas pela competência e visão, e acredita que numa cidade governada por uma mulher, bem como em uma Câmara mista, o foco é mais centrado na proteção do povo, do patrimônio cultural e do meio ambiente. 
     
    A primeira vereadora blumenauense foi Maria do Carmo Carl, para o mandato de 1977-1982, sendo reeleita para a legislatura seguinte. De lá para cá, somente outras 10 mulheres ocuparam uma cadeira no Legislativo: Yara Luef (1989-1992 e 1993-1996); Alzina Micheluzzi (1997-2000); Marlene Schlindwein (2001-2001 e 2005-2008); Norma Dickmann (2005-2008); Helenice Luchetta (2005-2008 e 2009-2012); Maria Aparecida de Oliveira (2005-2008); Maria Emília de Souza (2005-2008); Zenilda Zabel (2005-2008); Arlete Silva (2009-2012); Célia Maçaneiro (2009-20012) e Evelin Huscher (2013-2016).
     
    Depoimentos
     
    O vereador Mário Hildebrandt (PSD) diz que os espaços políticos estão abertos para a mulher ocupá-los, mas que às vezes as próprias mulheres não se interessam. “Acho que a mulher pensa que pode contribuir em outros espaços, não necessariamente na política, porque ela sabe que pode fazer a diferença em outros lugares”, argumenta, destacando que é favorável à ocupação dos espaços políticos pelas mulheres, mas que isso é uma questão individual. 
     
    Para o vereador Adriano Pereira (PT), a participação feminina na política fortalece a democracia. “Ouvimos muito falar que as mulheres estão cada vez mais conquistando seu espaço e no cenário político esse espaço também precisa e merece ser ampliado”, ressaltou. Segundo ele, é necessário que haja interesse das mulheres em filiar-se aos partidos e militarem pelas causas sociais.  Para ele, a vitória de Dilma Rousseff pode ser considerada mais do que um marco, porque serve de incentivo às mulheres para que se integrem mais na vida política brasileira, seja no comando do País, do Estado ou da cidade. 
     
    Conforme o vereador Antônio Veneza (PSD), são notáveis os grandes feitos empreendedores que as mulheres têm alcançado, bem como sua presença numerosa em cursos de nível superior. “Isso demonstra que a curto e médio prazo não haverá mais diferenças entre os sexos. Claro, ainda há barreiras a serem quebradas, mas progressivamente esses entraves estão diminuindo”, assegura. Disse que o fato de não haver nenhuma mulher no Legislativo blumenauense atualmente é porque ainda há mais homens na política e, consequentemente, isso faz com que mais homens sejam eleitos. “O ideal é que no futuro elas entrem em maior número na política e ofereçam bons projetos ao povo, aí sim teremos um equilíbrio natural. Devido às grandes lutas já enfrentadas, são exitosas em tudo que almejam”, avaliou. 
     
    O vereador Marcelo Lanzarin (PSD) diz que a ausência de uma mulher no parlamento blumenauense é ruim para a sociedade e acaba prejudicando o avanço das conquistas dos espaços políticos por elas mesmas. “A própria presença feminina na Câmara já serve de referencial e estímulo para outras mulheres”, diz ele, assinalando que as mulheres ainda não conseguiram perceber o verdadeiro potencial e, por isso, não garantem a representação feminina nos espaços políticos dos poderes Executivo e Legislativo. 
     
    Homenagem 
     
    O vereador Jens Mantau (PSDB) sustenta que uma única data é pouco para celebrar o dia da mulher. “A mulher deve ser lembrada todos os dias”, assegurou. Ressaltou que a beleza de uma mulher não está na sua imagem externa. “A beleza de uma mulher deve ser vista a partir dos seus olhos, porque eles são a porta de entrada do seu coração, onde há lugar para o amor, a solidariedade e a sensibilidade.  A beleza de uma mulher está dentro da alma”, complementa. Mantau reforçou que a mulher é mais sensível e solidária aos interesses da coletividade. 
     
    O vereador Cezar Cim (PP) utilizou a tribuna, na sessão desta quinta-feira (6), para homenagear as mulheres. Disse que “dentre as maravilhas de Deus, sem dúvida, a vida é uma das maiores e, dentre as vidas, a que ganha destaque é a vida humana. E entre esta, a da mulher”, enfatizou, destacando que as mulheres representam 51% da população mundial e que os outros 49% são filhos de mulheres. 
     
    O vereador Zeca Bombeiro (SDD) também cumprimentou as mulheres na última sessão. “As mulheres contribuem para aumentar as flores neste planeta, porque elas são como flores e fazem com que este mundo progrida e cresça da maneira certa”, ressaltou.
     
    Foto: Dilvulgação
    Fonte: Assessoria de Imprensa