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27-09-2017

Políticas públicas de inclusão são discutidas em Audiência Pública na Câmara

  • 27092017

    A Câmara de Vereadores realizou nesta terça-feira (26) uma Audiência Pública para discutir questões relacionadas à acessibilidade e à inclusão no município. A reunião, realizada no plenário do Poder Legislativo, foi proposta pelos vereadores Professor Gilson (PSD) e Alexandre Matias (PSDB) e aprovada por todos os parlamentares.

    Além dos proponentes participaram do evento os vereadores Oldemar Becker (DEM), Adriano Pereira (PT) e Jens Mantau (PSDB). Também participaram do encontro o secretário de Desenvolvimento Social, Oscar Grotmann; o representante da Secretaria Municipal de Educação, Charles Belz; a representante da AMA – Associação de Pais e Amigos do Autista de Blumenau e Microrregião, Simone Gadotti; a representante da ABLUDEF – Associação Blumenauense de Deficientes Físicos, Maria Helena Maba; e a representante da ABADA – Associação Blumenauense de Amigos dos Deficientes Auditivos, Nilva Gorete Fermollen.

    O vereador Professor Gilson explicou que ele e o vereador Alexandre Matias, de partidos diferentes, estão unidos em prol de uma única causa: avançar na questão da inclusão”. Afirmou que a audiência só aconteceu por envolvimento da comunidade. “Nós precisamos avançar. Eu não quero mais me sentir deficiente, e eu sou deficiente quando não consigo atender os cidadãos que precisam de acessibilidade e inclusão”, argumentou.

    O vereador Alexandre Matias defendeu a importância da união para debater o assunto. Apontou que são mais de 24,5 milhões de deficientes no Brasil. “É difícil acreditar que pessoas sofrem distinção por características como a deficiência motora”, apontou. Citou ainda outras propostas elaboradas ao lado do vereador Professor Gilson.

    O vereador Adriano Pereira disse que a função dos vereadores é ouvir, legislar e fiscalizar. “Estamos aqui para ajudar a comunidade a reivindicar aquilo que for necessário. A inclusão é uma causa que não deve ter vaidade”, apontou. Lembrou ainda do projeto de lei que tentou aprovar para dar mais qualidade de vida a pessoas ostomizadas, mas que não foi aprovado nas comissões. “Não vamos desistir daqueles projetos que não obtiveram êxito. Vamos continuar trabalhando para dar dignidade às pessoas que continuam à margem da sociedade”, sustentou.

    O vereador Oldemar Becker disse que no último sábado (23) participou de uma experiência diferente. Comentou que os vereadores participaram de um jogo de futsal com os olhos vendados e que entenderam as dificuldades enfrentadas pelos deficientes visuais. Também citou o caso de uma deficiente visual, que trabalha no gabinete dele, e de uma cadeirante que atua na recepção da Câmara de Vereadores. ” Elas encontraram uma oportunidade para evoluir e buscar cada vez mais espaço no mercado de trabalho”, afirmou.

    O secretário de Desenvolvimento Social, Oscar Grotmann, lamentou a pouca participação na audiência diante da importância do tema discutido. “O Setembro Branco é importante para discutirmos a exclusão de pessoas da sociedade. Precisamos acabar com o preconceito contra aquilo que as pessoas não conhecem”, afirmou. Citou exemplos de alunos da APAE de São João Batista que atuam em uma fábrica de calçados daquela cidade.

    Representando a Secretaria Municipal de Educação, Charles Belz, portador de deficiência visual, disse que é importante as pessoas reivindicarem seus direitos como cidadãos. “Nós contribuímos, pagamos impostos, também fazemos a cidade crescer e temos direitos como todos”, mencionou. Disse que a Secretaria de Educação está atenta à questão desde a educação infantil. Sustentou que existem profissionais especializados e salas adaptadas que permitem o desenvolvimento de políticas públicas para fornecer o que é de direito a esses jovens.

    A presidente da AMA – Associação de Pais e Amigos do Autista de Blumenau e Microrregião, Simone Gadotti, destacou que atualmente o Brasil possui 2 milhões de autistas. “Muito está sendo feito para as crianças autistas, mas é preciso pensar no adulto e no idoso autista”, afirmou. Lembrou que o autismo deixou de ser um problema familiar. “Falta conscientização das pessoas para uma situação que afeta o meio e não apenas a família”, sustentou. Parabenizou a FMD – Fundação Municipal de Desportos e agradeceu ao paradesporto de Blumenau pelo trabalho de inclusão realizado nas escolas e nos Jogos Estudantis da Primavera.

    Maria Helena Maba, representante da ABLUDEF – Associação Blumenauense de Deficientes Físicos, lamentou a baixa participação dos professores, dos representantes da área da saúde e da comunidade em geral. “Eu peço que essa audiência siga em frente. Encontramos dificuldades com a acessibilidade todos os dias. Vamos a uma loja e não encontra um provador de roupas. As áreas de lazer também nos excluem”, afirmou. Questionou ainda as empresas de turismo que não possuem ônibus adaptado e disse que apesar do paradesporto fazer muito pelas crianças, o município não possui ônibus adaptado para participar do Parajasc.

    A representante da ABADA – Associação Blumenauense de Amigos dos Deficientes Auditivos, Nilva Gorete Fermollen, lembrou que nesta terça-feira (26) é comemorado o Dia Nacional da Pessoa Surda. “A dificuldade de acessibilidade das pessoas com deficiência auditiva é registrada principalmente em situações de atendimentos, como em consultas médicas”, apontou. Sugeriu que uma forma de amenizar essa dificuldade seria preparar pessoas para atenderem os surdos da cidade, já que a entidade não consegue acolher toda a demanda. Afirmou que no Censo de 2010 eram 8 mil surdos em Blumenau, mas que apenas 436 pessoas foram diagnosticadas com surdez.

    O proponente da Audiência Pública, vereador Professor Gilson, disse que observou as demandas apresentadas e sustentou que investimento financeiro não é o principal ponto a ser trabalhado, mas sim vontade política. “Percebi muitas solicitações para capacitar os profissionais da cidade. Precisamos preparar os trabalhadores da área da saúde e da área da educação para melhorar o atendimento a esses blumenauenses”, sustentou. Disse que quando mais pessoas estiverem preparadas e engajadas na inclusão, trabalhar os problemas estruturais será mais fácil.

    Por fim, o vereador Alexandre Matias agradeceu a presença de todos e disse que um mandato é construído quando um parlamentar ouve as pessoas. “Não somos conhecedores de todos os assuntos. Nesses nove meses aprendi muito com as pessoas que me passaram suaás diferentes realidades”, afirmou. Disse que muito foi feito na Câmara em relação acessibilidade. Citou a disponibilização das intérpretes de Libras nas transmissões das reuniões ordinárias e das audiências públicas pela TV Legislativa, falou da acessibilidade até o plenário, mas disse que é preciso evoluir ainda mais para que pessoas deficientes físicas possam ocupar a tribuna livre. Lembrou que é necessário continuar lutando pelas bandeiras da acessibilidade para que as pessoas respeitem as áreas destinadas aos deficientes nos estacionamentos. Também prestou uma homenagem ao artista plástico Sidnei, portador de mielomeningocele, que faleceu recentemente.

    A Audiência Pública será reprisada pela TV Legislativa no próximo sábado, dia 30, às 21 horas, pelos canais 14 da NET e 19 da BTV. A TVL também pode ser assistida 24 horas por dia em desktops, notebooks e dispositivos móveis com os sistemas Android e iOS na página da Câmara na Internet: www.camarablu.sc.gov.br.

    Fonte: Assessoria de Imprensa CMB
    Foto: Jessica de Morais | Imprensa CMB